Opinião
A época festiva é de felicidade e alegria, mas igualmente de tentação ao nível da alimentação. Saímos da rotina e temos na nossa mesa natalícia os petiscos mais variados e, habitualmente, com uma elevada quantidade de hidratos de carbono e lípidos. Consequentemente, o aumento da pressão arterial, de peso corporal e de glicemia podem ser uma realidade pelos erros cometidos por estes dias para os nossos pacientes.

Os nódulos da tiroide são muito frequentes na população. O uso generalizado de meios complementares de diagnóstico tem originado uma “epidemia” de nódulos não palpáveis (incidentalomas). A maioria não condiciona sintomatologia e a sua importância reside na necessidade de excluir malignidade, presente em 7-15% dos nódulos dependendo da presença de fatores de risco.
A diabetes mellitus tipo 2 é uma patologia crónica que requer uma abordagem multifatorial centrada no doente. Caracteriza-se por hiperglicémia crónica associada a diminuição da secreção de insulina e resistência à sua ação.
A diabetes mellitus configura-se hoje um problema de saúde pública, pela sua elevada incidência e prevalência, representando nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, uma considerável sobrecarga económica, constituindo um enorme desafio para os profissionais de saúde, no sentido de identificar novas estratégias de atuação.
A neuro-osteoartropatia de Charcot (NC) ou mais frequentemente pé de Charcot, é uma complicação rara da DM e uma das mais devastadoras. Esta condição está intimamente relacionada com neuropatia periférica grave, é uma síndrome complexo que afeta o tecido ósseo, articulação e tecidos moles do pé e tornozelo, em resultado de um processo inflamatório inicial que causa diferentes graus de destruição e deformação óssea e articular.

O Internacional Working Group on Diabetic Foot (IWGDF), organismo ligado à Federação Internacional da Diabetes tem publicado de 4 em 4 anos as Diretivas Práticas na Prevenção e Tratamento do pé Diabético, baseadas no melhor conhecimento científico mundial sobre o tema.

Um doente diabético tem uma probabilidade de 12 a 25% de desenvolver uma lesão trófica no pé ao longo da sua vida. A incidência anual global deste evento é de 2%, subindo para 7 a 10% se existir neuropatia e atingindo os 25 a 30% se coexistir adicionalmente a doença arterial periférica (DAP). De facto, a DAP está atualmente presente em 50 a 60% das úlceras em pé diabético. Na sequência, a DAP assume-se como um fator de risco independente de grande relevo para ulceração e perda do membro no doente diabético. Acresce-se ainda que a DAP está presente em cerca de 20% da globalidade dos doentes diabéticos e em mais de 90% dos diabéticos submetidos a amputação major.

O diabético vive tempos complexos. A uma longevidade cada vez maior associa-se as doenças vasculares e metabólicas que o predispõem a um aumento do risco de ulceração e infeção do pé.
Enquanto problema de saúde pública, a diabetes sublinha-nos dois aspetos muito relevantes: o crescimento brutal do número de doentes (e falaria apenas dos que estão já diagnosticados) e, o facto das complicações, a termo variável, causarem mortalidade prematura e riscos acrescidos em múltiplos territórios.
O pé diabético é um tema recorrente sempre que se fala de complicações da diabetes. Todos os anos se olha para o crescimento do número total de amputações dos membros inferiores, por motivo de diabetes, fazendo muitas vezes manchete nos órgãos de comunicação. A catástrofe anunciada parece não ter fim.